A concretização da oferta de ações que culminou na privatização da empresa elétrica paranaense Copel (CPLE6) registrou um movimento financeiro total de R$ 5,2 bilhões, marcando a segunda maior oferta de ações na bolsa brasileira B3 neste ano até o momento, de acordo com informações de especialistas envolvidos na operação.
A privatização atraiu considerável interesse por parte dos investidores, com a demanda alcançando aproximadamente R$ 12,5 bilhões. Além disso, houve participação significativa de investidores estrangeiros, com gestoras norte-americanas como a Zimmer e GQG adquirindo participação no capital da empresa, conforme indicou uma fonte com conhecimento do processo.
A operação foi fixada com um preço de R$ 8,25 por ação, representando um prêmio de 5% em relação ao valor da ação na data de lançamento da oferta. Os recursos levantados, totalizando os R$ 5,2 bilhões, serão direcionados ao governo paranaense e também ao caixa da própria Copel.
O montante global da oferta inclui uma tranche base de 549.171.000 ações, compreendendo partes primárias e secundárias, além da execução do lote adicional (greenshoe), que corresponde a até 15% das ações oferecidas. O procedimento “follow on” resultou na diluição da participação do Estado do Paraná no capital da empresa, reduzindo-a para 15,6%, em contraste aos 31% que detinha antes da oferta. Com essa mudança, a Copel agora possui um capital mais pulverizado na bolsa, sem um controlador definido.
O início das negociações das ações na B3 está programado para 10 de agosto. A operação foi conduzida por um conjunto de bancos, incluindo o BTG Pactual como coordenador líder, além de Itaú BBA, Bradesco BBI, Morgan Stanley e UBS BB. Paralelamente, a Copel está programada para realizar uma assembleia de acionistas na próxima quinta-feira, com o intuito de eleger novos membros para compor o conselho após a renúncia de dois integrantes no mês passado.
A expectativa é que esse novo conselho desempenhe um papel fundamental na condução do processo de transição em andamento, até que uma nova diretoria seja formada após a privatização estar efetivamente consolidada, conforme afirmou a fonte.
HISTÓRICO DA OPERAÇÃO
O desfecho bem-sucedido da operação, que culmina na transformação da Copel em uma entidade de natureza “corporation”, acontece aproximadamente 10 meses após o governo do Paraná anunciar sua intenção de privatizar a empresa, marcando uma mudança de direção do governador Ratinho Júnior, que até então vinha descartando a ideia de desestatização da companhia.
Inspirada nos moldes da privatização da Eletrobras (ELET6), a operação da Copel também incorporou mecanismos que limitam a 10% o poder de voto de um acionista ou grupo de acionistas, uma espécie de “poison pill” para dificultar planos potenciais de aquisição do controle por parte de um acionista, além da criação de uma “golden share” que confere ao Paraná o poder de veto em certos assuntos. Assim como no caso da Eletrobras, a transação envolveu a renovação das concessões de usinas hidrelétricas, garantindo que a União, na qualidade de poder concedente das usinas, também receba recursos bilionários por meio do processo de privatização.
Uma parcela primária da oferta, no valor aproximado de R$ 1,9 bilhão, será destinada ao pagamento de bônus para a renovação integral das concessões das usinas Foz do Areia, Segredo e Salto Caxias pelo prazo de 30 anos. A Copel, uma das maiores empresas de energia elétrica do país, possui uma atuação integrada no setor, possuindo um portfólio de ativos de distribuição, geração e transmissão de energia que abrange 10 Estados brasileiros.